sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Anjo Negro

"Mãe, nunca vi um anjo negro. Não há anjos negros, mãe?
Todos os anjos são brancos. Não há anjos como eu?
Olha, todas as asas são brancas. Como os anjos que estão no céu.
Mãe, eu nunca vou ter asas? Não há anjos como eu?
Mãe, não há meninos negros entre os anjos.
Onde estão os meninos negros anjos, mãe?
Mãe onde fica o nosso céu?
Queria ser um anjo, mãe.
Não posso... Não há anjos como eu."
- Autor Desconhecido.

Desde pequenos nós somos empurrados para pequenas fôrmas, vivemos num país que é fruto de "organizações" que dividem a nossa sociedade até nos menores detalhes. Ninguém quer saber como gostaríamos de ser. Vivemos num país onde a televisão dita os padrões de comportamento das pessoas, como devemos nos vestir, como devemos pensar, como devemos ser. Cada uma falando uma coisa diferentes, e uma coisa muito engraçada que todas têm em comum, é que todas acham que estão certas. E eles falam, e continuam falando e nunca param e a maiora das pessoas parecem não ter acordado pra isso, e como um esponja, aceitam todas as coisas que lhe são impostas sem oferecer a menor resistência, sem questionar.








Mas e o preconceito, onde é que entra nessa história? Mas é aí que tá, parte do preconceito vem daí. Por que é mais bonita a menina branca do cabelo liso e não e não uma negra com seu cabelo "ruim"? Por que a estética é tão importante assim? Não é tudo cabelo? O problema é que vivemos num mundo onde a moda dita o padrão de beleza, o que é bonito, o que é feio. E eu que pensei que beleza fosse um quesito subjetivo demais pra ser padronizado... A culpa não é sua, nem minha pelo preconceito existir pois a cicatriz que ainda existe dessa ferida que é o preconceito, não surgiu ontem, nem na semana passada. É uma herança de séculos subjugados, tirados de suas terras e levados para lugares estranhos onde eram tratados como animais. Mas em compensação, ninguém também é inocente! O cérebro que existe em nossas cabeça foi nos dado para que o usássemos. Já faz algum tempo grandes pessoas vêm lutando a favor da igualdade racial, contra o preconceito, as informações estão circulando por aí, mas e nós? À partir do momento em que temos acesso à tais informações e nos omitimos diante delas, nós também estamos sendo cúmplices disso.

O pensamento e as ações nos levam por um caminho estranho, diferente, onde algumas vezes a justiça mira os interesses, aí então a balança se inclina e vemos discriminação na mesma terra, onde se você não é branco não te deixam entrar numa casa noturna, onde por ser negro te jogam pela porta e passam por cima de você. Parece cruel? Sim, definitivamente, a história se enriquece mais e mais com a cadeia de injustiça, não importa quão grande seja a difusão, sempre serão separados, etiquetados, não importa o nível de educação, sempre será olhado. Em qualquer continente serão tratados como escravos e vistos como tal, não importa o quanto nos esforcemos a discriminação cresce a cada dia com ou sem dinheiro, com ou sem talento. 

"Sou capaz de relatar a ladainha usual de pequenos insultos que me foram direcionados ao longo de meus 45 anos: seguranças me seguindo quando entro em lojas de departamento, casais brancos que me jogam a chave de seus carros quando estou esperando pelo valet, carros de polícia que me param por nenhuma razão aparente... Conheço o gosto amargo da raiva ao engoli-la a seco"
BARACK OBAMA, PRESIDENTE AMERICANO, NA AUTOBIOGRAFIA A AUDÁCIA DA ESPERANÇA (ED. LAROUSSE, 2007)


E ainda dizem que (pelo menos no Brasil) o preconceito não existe... Será mesmo? Comentem.

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